Misleine Andrade F Peel

João de Deus Leite

Mariana Coelho Lima

10/10/2024

 

 

O município de Angico, localizado no estado do Tocantins, vem passando por transformações significativas ao longo das últimas décadas. Desde sua criação oficial em 1991, quando foi elevado à categoria de município, Angico tem experimentado mudanças tanto no âmbito socioeconômico quanto populacional. A presente nota técnica tem como objetivo analisar o crescimento populacional da cidade entre os anos de 2000 e 2010 e de 2010 e 2022, utilizando dados do IBGE e do DATASUS, além de comparar sua evolução com as médias regionais e nacionais.

Apresentamos um mapa do município no Mapa 1:

Mapa1: Localização geográfica de Angico

Contexto Histórico de Angico

Segundo o site da prefeitura de Angico, o município teve sua origem oficial às margens do Ribeirão Angico, graças aos tropeiros e aos garimpeiros que transitavam pela região em direção ao garimpo de cristais em Xambioá, no Rio Araguaia. Seu fundador, Zulmiro de Sousa Parente, junto a outros companheiros, estabeleceu-se na área, iniciando a prática da agricultura, aproveitando as condições propícias da terra para o cultivo e a pecuária.

Inicialmente, Angico pertencia ao município de Nazaré. No entanto, em 1991, após a mobilização dos líderes locais e dos moradores, o distrito foi elevado à condição de município pela Lei nº 251, sancionada pelo governador José Wilson Siqueira Campos. Desde sua instalação oficial, em 1º de janeiro de 1993, Angico se desenvolveu principalmente na área rural, com a agricultura e a pecuária como principais atividades econômicas (Prefeitura de Angico, 2022).

Para iniciar a nossa discussão sobre o crescimento populacional de Angico, apresentamos o Gráfico 1 com os valores populacionais registrados nos anos de 2000, de 2010 e de 2022, baseado nos dados do IBGE:

Gráfico 1: População de Angico

Análise do Crescimento Populacional

Ao analisar os dados de nascimentos e de óbitos entre 2010 e 2022, observamos que Angico apresentou flutuações consideráveis em sua população. Em 2010, foram registrados 42 nascimentos e 11 óbitos, resultando em um saldo positivo para o crescimento natural. No entanto, essa dinâmica mudou nos anos subsequentes, especialmente entre 2020 e 2022, quando o número de óbitos ficou bem próximo ao número de nascimentos. Apresentamos o Gráfico 2 que compara os dados de nascimentos e de óbitos no período baseado nos dados do DATASUS:

Gráfico 2: Nascimento e Óbitos em Angico

Fonte: Autores

Houve uma diminuição da taxa de natalidade, com uma queda acentuada nos anos de 2020 e de 2021, bem diferente dos valores registrados nos anos anteriores. Em 2010, o município registrou 42 nascimentos, enquanto, em 2020, esse número caiu para 28, e, em 2021 e em 2022, ainda não se recuperou plenamente o número de nascimento, ficando com 33 e 41 nascimentos, respectivamente; trata-se de valores ainda longe dos 52 alcançados em 2011. Essa redução também segue uma tendência nacional, conforme veremos no Gráfico 3, embora a queda em Angico tenha sido mais acentuada, o que pode estar ligado à migração de jovens em idade reprodutiva para outros municípios e estados.

A análise comparativa revela que Angico apresentou uma queda populacional acentuada na região, com um declínio de -9,24% no período de 2010 a 2022, enquanto o estado do Tocantins cresceu 9,25%, e a Região Norte apresentou crescimento de 9,39%. Mesmo o Brasil, com um crescimento mais tímido de 6,46% no período, manteve uma expansão populacional. Vejamos, a seguir, o Gráfico 3:

Gráfico 3: Comparação de crescimento populacional

Fonte: Autores

Com base nos dados, a inversão do crescimento populacional em Angico a partir de 2018 é preocupante, especialmente se comparada com as tendências do estado e da região. Enquanto o Tocantins e a Região Norte mantiveram um crescimento, mesmo que mais moderado em relação à década anterior (2000-2010), Angico experimentou uma queda severa.

Essa queda sugere um esvaziamento populacional que pode ter consequências socioeconômicas, como a redução da força de trabalho local, dificuldades na manutenção de serviços públicos (saúde, educação) e uma dependência maior de recursos externos.

Considerações Finais

A análise do crescimento populacional de Angico entre 2000 e 2022 revela que o município passou de um crescimento natural positivo nos primeiros anos da década para uma perda populacional significativa a partir de 2018. O aumento do número de óbitos, aliado à redução dos nascimentos e a possíveis fluxos migratórios, são fatores determinantes para essa tendência de declínio. Além disso, a pandemia de COVID-19, que teve impacto global, pode ter contribuído para o aumento do número de óbitos, especialmente entre 2020 e 2022.

Em comparação com a média de crescimento nacional e regional, Angico se destaca negativamente, exigindo uma reflexão sobre o que pode ser feito para reverter ou mitigar essa perda populacional. Investimentos em infraestrutura, em políticas de retenção de jovens e em melhorias na qualidade de vida, aliados a estratégias que incentivem o retorno da população migrante, são medidas que poderiam ser implementadas para tentar reverter esse quadro nos próximos anos.

Referências:

 

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