Por Misleine Andrade F Peel

02/10/2024

O Programa de Pós-Graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais lançou uma série de artigos que exploram as consequências da pandemia de COVID-19 em cidades da Amazônia Legal, destacando a intersecção entre questões de saúde, trabalho e pobreza, especialmente entre as populações mais vulneráveis.

O primeiro artigo, COVID-19 in the Legal Amazon, analisa a cidade de Xambioá (TO), que, embora fora dos principais fluxos de capital, sofreu gravemente com a pandemia devido à sua proximidade com Araguaína (TO) e Marabá (PA). Este artigo foi escrito por: Miguel Pacifico Filho, Thelma Pontes Borges , Helga Midori Iwamoto e Airton Cardoso Cançado e está disponível em: http://www.mercator.ufc.br/mercator/article/view/e20006

Resumo: The work aims to demonstrate that the dependence on a local center like Xambioá (TO) in relation to two medium cities, namely, Araguaína (TO) and Marabá (PA), located in the Legal Amazon, offers serious consequences during the pandemic, because despite the city is outside the flow of capital, its proximity to the other two middle sized cities places it among the most affected cities in the state of Tocantins by COVID-19. To understand this context, theoretical discussions were held about the interrelationship between the three cities in the Amazon region and data from the epidemiological bulletins of the respective health secretaries and the Monitora-COVID (FIOCRUZ, 2020) were used. The results show that the spread of the virus in Xambioá behaved similarly to that of the city of Araguaína, with a high incidence and higher peaks than those of the other two bigger cities. The results alert to the seriousness of the situation, since the municipality does not have health equipment capable of meeting the demand caused by the complexity of the cases, calling for a debate about the reorganizations of the cities with a focus on improving the quality of life and the good living for people and the community.

O segundo artigo, COVID-19 na Amazônia Legal: a centralidade do trabalho e a disseminação em Araguaína-TO, investiga como a COVID-19 afetou os trabalhadores de Araguaína, uma cidade economicamente central na região. Este artigo foi escrito por: Fabyanne Oliveira Montelo Ribeiro, Thelma Pontes Borges e Miguel Pacífico Filho e está disponível em: https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/interespaco/article/view/17099

Resumo: Em 2020, o mundo foi assolado pela COVID-19, fazendo com que países se organizassem para frear a contaminação e tratar os infectados. No Brasil, o coronavírus também se espalhou, atingindo todas as regiões. Araguaína, por ser um polo de atração econômica na Amazônia Legal, foi a primeira cidade além da capital do Tocantins, Palmas, a notificar casos. Considerando a centralidade que a atividade laboral tem no tecido social, verificamos como a doença se comportou entre os trabalhadores que, em razão de suas atividades, estão mais expostos ao contágio. Para tanto, identificamos perfil socioeconômico a partir de dados de notificação de agravo ao Centro de Referência de Saúde do Trabalhador. Como resultados gerais, temos a notificação de 522 registros, em sua maioria referentes a mulheres, pardas e com até o ensino médio. A doença afetou mais profissionais menos qualificados e com menor escolaridade. Concluímos que o controle da pandemia passa por uma atenção maior às medidas de proteção aos trabalhadores, uma vez que estão expostos à mobilidade urbana e ao próprio ambiente laboral.

O terceiro estudo, Disseminação da COVID-19: contágio tardio em centros locais no sudeste do Tocantins, foca nas cidades médias de Araguaína (TO), Imperatriz (MA) e Marabá (PA). Este artigo foi escrito por: Miguel Pacifico Filho, Helga Midori Iwamoto, Thelma Pontes Borges e Airton Cardoso Cançado Disponível em: https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/baru/article/view/9155

Resumo: O mundo foi assolado em 2020 pela COVID-19, geradora de patologia grave com alta mortalidade. As políticas nacionais de controle da pandemia esbarraram na precária estrutura sanitária do país. O Tocantins, acompanhando o restante do mundo, viu suas principais cidades sofrerem com índices de contaminação; contudo, determinadas localidades se viram livres dessa dinâmica por um período maior. É sobre o estudo de cinco municípios, localizados no sudeste do estado, os últimos a serem atingidas pela pandemia, que esse trabalho versa, com o objetivo de refletir sobre fatores que retardaram a chegada do vírus. Foi realizada pesquisa descritivo-analítica, com revisão bibliográfica e o uso de dados secundários em bases do IBGE, da Secretaria do Planejamento e Orçamento do estado, bem como de boletins epidemiológicos da Secretaria da Saúde, índices da cadeia produtiva do agronegócio e perfil da indústria, produzidos pela Federação das Indústrias do Estado do Tocantins. Concluiu-se que alguns fatores contribuíram para esse processo, como a baixa influência de centros urbanos, a não incidência de grandes rodovias e o baixo poder aquisitivo da população, o que evitou maiores fluxos resultantes da baixa atratividade econômica.

O quarto artigo, Infância e Pobreza em Araguaína/TO na pandemia da COVID-19, aborda os impactos da pandemia sobre a infância e a pobreza em Araguaína.  Este artigo foi escrito por: Luciana Ribeiro da Cruz e Thelma Pontes Borges. Disponível em: https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/baru/article/view/9155

Resumo: Em uma década atípica em que a pandemia da COVID-19 atinge toda a população, de forma particular os mais vulneráveis, faz-se necessário refletir sobre os retrocessos nas agendas 2030, uma dura realidade potencializada com a crise sanitária, social, econômica e ambiental. Este artigo, resulta da observância de um dos indicadores globais transcritos nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS 01: Erradicação da Pobreza. A análise se circunscreveu a partir de dados secundários, no recorte espacial de Araguaína, cidade considerada de porte médio, localizada na região Norte do Estado do Tocantins, na Amazônia Legal e objetivou-se a pormenorizar as áreas geográficas em que residem famílias com crianças da primeira infância em situações de pobreza e extrema pobreza, matriculadas em CEIs/Creches e Pré-escolas municipais. Para tanto foram considerados dados de 43 unidades escolares, sendo 31 creches e 12 pré-escolas. Para extrema pobreza os dados foram emitidos pelas unidades de ensino e os de pobreza dos relatórios de módulos das crianças/famílias beneficiárias do programa social Bolsa família. Os resultados apontam que escolas mais distantes tem um percentual maior de crianças na primeira infância em situação de pobreza e extrema pobreza necessitando de um olhar diferenciado à ODS 01 e aos novos desafios impostos à infância frente a erradicação da pobreza. Uma atenção especial por parte da sociedade civil e dos governantes à urgente execução de planos específicos, ações fortalecidas e políticas públicas que alcancem as crianças de até 06 (seis) anos de idade e as suas famílias.

Por fim, o artigo Dinâmica de contágio da COVID-19 em cidades médias da Amazônia Legal: Araguaína (TO), Imperatriz (MA) e Marabá (PA) revela que as cidades médias de Araguaína, Imperatriz e Marabá sofreram impactos significativos da pandemia devido à propagação do vírus seguir o fluxo do capital no país. . Este artigo foi escrito por: Miguel Pacifico Filho, Thelma Pontes Borges , Helga Midori Iwamoto e Airton Cardoso Cançado Disponível em:https://www.rbgdr.net/revista/index.php/rbgdr/article/view/5985

Resumo: O trabalho objetiva demonstrar que três cidades médias – Araguaí­na (TO), Imperatriz (MA) e Marabá (PA) -, situadas na Amazônia Legal, sofreram impacto significativo da pandemia em decorrência da propagação do ví­rus seguir o fluxo do capital no paí­s. Esse impacto se deu provavelmente por apresentarem caracterí­sticas de desenvolvimento econômico vinculadas à produção de commodities, que as interligam a grandes centros produtores e consumidores nacionais e internacionais, de maneira independente de suas capitais. Para demonstrar a dinâmica de disseminação, foram analisadas quantitativamente as ocorrências de Sí­ndrome Respiratória Aguda para os três estados e de casos de COVID-19 confirmados para as cidades estudadas e suas respectivas capitais. Foram coletados os dados disponibilizados pela Fundação Oswaldo Cruz e os Boletins Epidemiológicos divulgados pelas Secretarias Estaduais de Saúde e Prefeituras. Como resultado, observou-se que as taxas de crescimento da doença são maiores nas três cidades, já que se comportam de forma parecida entre si com relação à pandemia e se diferenciam pela incidência da COVID-19 em suas respectivas capitais. Defende-se que num perí­odo pós-COVID-19 sejam valorizadas as caracterí­sticas de interligação entre as três cidades através de polí­ticas públicas que promovam o desenvolvimento da região com foco no reordenamento da cidade para as pessoas.

Esses estudos oferecem uma visão abrangente dos desafios enfrentados na Amazônia Legal durante a pandemia de COVID-19, ressaltando a necessidade de ações direcionadas que abordem as vulnerabilidades sociais e melhorem a qualidade de vida nas cidades da região.

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